A melhor aventura é a que acontece, quando não a planeias. As decisões impulsivas têm sempre os seus pros e os seus contras. Esse é um dos exemplos. Não me tinha passado pela cabeça visitar Atenas, muito menos tão brevemente. Até o momento em que uma amiga mencionou que valia a pena. Logo dei uma olhada aos voos e marquei uma viagem para o mês a seguir.
Depois de sobreviver a adrenalina das ruas, a primeira coisa que fiz foi procurar alguma loja para comprar cartão pré-pago para o meu telemóvel. O mais importante é ter dados móveis e o Google Maps sempre ligado para uma pessoa com zero sentido de orientação como eu. E eis a segunda coisa que me deixou à toa. O vendedor na loja estava a falar em inglês. Normal, diriam. Mas a loja não estava num lugar turístico, portanto fiquei surpreendida, tendo em consideração todos os lugares visitados até agora e, o facto que em zonas mais longe do centro nunca se fala inglês, muito menos numa lojinha pequena como essa que visitei. Mas pronto, cartão – comprado. Fiz o erro de comprar cartão de Vodafone. A rede estava com sinal péssimo durante toda a estadia. O positivo é que isso me ensinou a ter mais paciência.
Essas impressões são apenas das primeiras 3 horas em Atenas. Sem dúvida o bom tempo também fez impressão, pois notou-se bastante a diferença entre os graus negativos búlgaros e os graus positivos em Atenas. Com esse calor, a gente pode perder-se pela cidade o quanto quiser. E é o que fiz. Fui ao centro a passear por ruas conhecidas e desconhecidas até me perder à procura de novos e novos lados históricos da cidade. E de costume, a aventura não estava longe de mim. Encontrei duas turistas pelo caminho que estavam tão perdidas como eu própria e decidimos perder-nos juntos, só para variar.
Seguimos essas ruas conhecidas e desconhecidas à volta da Acrópole, perdidas entre as ruínas de uma civilização tão antiga, que influenciou o mundo todo, tanto com a sua escrita, como com toda a sua cultura, literatura, filosofia etc. Como alguém de letras, não me aguentei a não pensar nisso, pois por todo o lado via letras gregas que me pareciam escritas em cirílico. E lembrei-me que num momento muito atrás na nossa história dois irmãos gregos foram pedidos a criar alfabeto para nós, os búlgaros. E depois até os russos começaram a usar esse alfabeto. Mas as minhas reflexões nem acabam por aí.
Outra curiosidade é que o alfabeto latino foi criado com base no alfabeto grego. Incrível, não é? Não tens como não pensar no Efeito borboleta, já que mais que metade da Europa usa o alfabeto latino e as variantes do cirílico são utilizadas para a grafia de seis línguas nacionais eslavas (bielorrusso, búlgaro, macedónio, russo, sérvio e ucraniano) Para além disso, o cirílico é usado por várias línguas não eslavas faladas na antiga União Soviética – como o mongol, o cazaque e o uzbeque, entre outras da Europa Oriental, do Cáucaso e da Sibéria.
O fim das ruas levou-nos à Praça Monastiraki à procura de mais aventuras e a tentar guardar o dinheiro nas carteiras. Não é que isso teve grande êxito. Não é possível não ficares admirado ao ver um miúdo com 7-8 anos a vender flores e a falar inglês demasiadamente fofo. Até saíres da hipnose, já estás com uma flor na mão e o miúdo a pedir-te mais dinheiro do que realmente custa a flor.
Deixadas com carteiras mais leves, eu e as duas moças finalmente chegamos a ter com a minha amiga e a explorar a cozinha grega. Acabámos por comer num restaurante ”O Thanasis”. Posso afirmar que os gregos sabem o que é boa comida e não se limitam na quantidade dos pratos. Nunca comi tanto como nesse restaurante. A comida tinha um sabor parecido à comida búlgara, mas acabou por ser bastante diferente. Não me consigo recordar dos nomes exactos dos pratos que comi no restaurante, pois escolhemos um bocado aleatoriamente, já que tudo parecia bastante bom. Mesmo assim, o prato mais conhecido em Atenas é o souvlaki (além da salada grega, claro) e contêm espetadas de carne grelhada com legumes e pão. A melhor altura de comer um souvlaki, pelo menos na minha opinião, é depois de passar a tarde inteira a ver o Museu da Acrópole, como fizemos no dia seguinte.
A minha amiga e eu passámos bastante tempo no Museu e no fim não deu tempo para ver a história toda da Acrópole. Mas, sem visitar o Museu primeiro, nem faz sentido visitar a própria Acrópole, pois toda a história, o desenvolvimento, a batalha mítica entre a Atina e o Posídon pela posse da cidade e a vitória da deusa Atina, a deusa da sabedoria em cujo nome foi construído o templo Erecteion, tudo isso está mencionado no Museu. Depois de ter noção desses detalhes, visitar a Acrópole parece mesmo um mergulho na história. Ao imaginar o Parthenon no seu poder todo há tantos séculos e as alterações que sofreu ao longo do tempo de tantos domínios diferentes.. Mesmo com isso, ele, junto com o Erecteion e mesmo a própria entrada chamada Propileu continuam a contar sua história eterna, sempre tão lindos no topo da cidade…
Os gregos sabem o seu negócio. Além do mais, perder-se entre a mitologia e a história duma civilização tão antiga, parece-me que o Deus Dioniso continua a proteger o entretenimento em Atenas mesmo depois de tantos séculos. Comprei o livro “Greece Between Legend and History – 8.500 years of civilization” enquanto estava lá e também contem factos muito interessantes e imagens de Atenas, do Museu de Acrópole, também detalhes sobre os deuses gregos e da história grega em geral. Podes dar uma olhada ao livro, se quiseres ter um mergulho mais profundo na história e mitologia grega.