O que me inspirou para iniciar o meu blogue foi uma cantiga de escárnio que eu estava a analisar durante os meus estudos para um exame de Literatura Portuguesa. Por isso neste artigo vou falar das minhas impressões da literatura portuguesa medieval, pois vale a pena ser mencionada.
- Cancioneiros e Cantigas
Primeiro, quero falar um bocado sobre os Cancioneiros, pois é algo básico que todos devem saber. Há 3 Cancioneiros muito importantes – Cancioneiro de Ajuda(o menos completo), Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional. No último mencionado há um retrato, “Arte de trovar”, que distingue as cantigas em 3 géneros. Os géneros são cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga satírica(de escárnio e de maldizer). Nas cantigas de amigo as mulheres é que falam. As cantigas são inspiradas na tradição folclórica portuguesa. E as protagonistas sempre expressam sua coita(sofrimento amoroso) a alguém ao redor(a mãe, as irmãs, as flores etc). Nas cantigas de amor são os homens que falam e a diferença é que as cantigas são inspiradas nos provençais e falam do amor cortês e da mulher inatingível, enquanto nas cantigas de amigo as protagonistas são abandonadas ou separadas dos namorados. Nas cantigas de escárnio as palavras do trovador têm duplo sentido e nessas de maldizer os apelidos até são chamados de nome. Os objetivos principais das últimas cantigas são criticar o irrealismo da dama, ridicularizar as regras do amor cortês e desvalorizar a imagem da mulher perfeita das cantigas de amor.
- Fernão Lopes
As novelas não são desenvolvidas ainda. Fazem-se traduções dos ciclos franceses e de Bretanha. Notam-se aspectos renovadores nas crónicas de Fernão Lopes. Embora sejam somente crónicas, a escrita não é uma narrativa simples. Os caracteres são individualizados e as dimensões são várias. É o primeiro que menciona o movimento da massa(quando o povo revolta contra D. Leonor Teles). Alem disso, fala sobre a desvalorização da moeda etc, visto que esses temas só começam a ser analisados no século XIX.
- Garcia de Resende e Sá de Miranda
Outros escritores que devem ser mencionados são Garcia de Resende com o seu Cancioneiro Geral e Sá de Miranda(um dos colaboradores). Sá de Miranda é o iniciador da poesia palaciana. Ele passou muitos anos na Itália e foi influenciado pelas ideias petrarquianas. Quando voltou para Portugal, trouxe essas ideias consigo. Aqui o tema principal também é o amor, mas aqui ele não é tão platônico e tem mais aspectos físicos. Além disso, aqui temos o vilancete que é composto por um mote de 2-3 versos e uma glosa que desenvolve o mote. A esparsa, por outro lado, é composta por um estrofe de 8 versos.
- Os Lusíadas
A obra mais importante para Portugal é o poema épico “Os lusíadas” de Camões. É constituída de 10 cantos com vários versos por canto. Dá um olhar sobre toda a história portuguesa. É Vasco da Gama quem fala na maior parte do poema. O autor revela os lados bons e maus da sua pátria. No início vê-se um lado mau que é o despovoamento de Portugal. A razão é a partida dos homens em busca de riqueza procurando o caminho para a Índia. Por outro lado, o episódio mais marcante da obra é “A Ilha dos Amores”. Os protagonistas são premiados com todos os prazeres por terem encontrado o caminho para Índia. E a Deusa das Ninfas mostra a Vasco a Máquina do mundo.
Acho essas obras bastante importantes para todos os lusófonos, pois dão a visão de um Portugal muito diferente de Portugal de hoje em dia… Portugal no momento da formação da sua nacionalidade como tal.